Os alunos ao produzirem textos espontâneos aplicam nesta tarefa um trabalho de reflexão muito grande e se apegam a regras que revalam usos possíveis do sistema de escrita. Nesse sentido um erro pode apontar o processo de construção do conhecimento, favorável ao entendimento e não a punição/reprovação.
Um aluno pode escrever élalevaotou – ela levantou, que é um
modo de escrever não-ortográfico. Quando assim o faz está elaborando hipóteses
sobre o sistema de escrita e mobiliza para isso possíveis regras ortográficas
já conhecidas e ainda não assimiladas. (
fazer link com a fase de assimilação do Piaget).
Quando escreve cazarão – casaram, resvala que sabe que em português se escrevem
palavras terminadas em am cuja a
pronúncia é ão, então passa achar que
ão pode também representar am. Só que
ainda não aprendeu que esse relacionamento só ocorre em um sentindo - am
para sílaba átonas e ão para sílabas
tônicas, e não em ambos.
Ao escrever caza, é justificável pelo fato de haver formas ortográficas onde o
s representa o som do z. O aluno optando pelo uso da letra Z fez uma escolha
errada, mas perfeitamente de acordo co as possibilidades de uso do sistema de
escrita.
É importante que erros como esses
apontados aqui sejam problematizados
pela equipe de linguagem da escola, pois
poderão elaborar atividades que ajudem os discentes a compreenderem as convenções da língua padrão. Fazer
levantamento das dificuldades através de
produções espontâneas, assim a criança assume a capacidade de transcrever seus
pensamentos para forma escrita, o que não é tarefa simples.
Erros comuns:
Transcrição fonética: Essa categoria de erros é muito comum, pois
os aprendizes transcrevem a palavra do jeito que falam. Escrevem dici
para disse, tudu para tudo, parocura para procurar, sou para sol. O fato é
que ao falar uma letra assume o som de
outra, e em outras situações os sons das letras são muito parecidos. Aqui vale
o docente ressaltar o som de cada letra individualmente, enfatizando a
pronúncia correta de cada uma, e posteriormente apontar as inversões de som e letra.
Uso indevido de letras: Caracteriza pelo fato do aluno escolher uma
letra possível para representar o som de uma palavra, quando a ortografia usa
outra. O som do s pode ser representado por Z, SS e Ç.
Hipercorreção: È muito comum quando o aluno já conhece a forma
ortográfica de determinadas palavras e sabe que a pronúncia é diferente. Passa
a generalizar esta foram de escrever, como por exemplo, muitas palavras
terminadas em E são pronunciadas com o som do i, como lapes em vez de lápis.
Segmentação: Quando a criança começa a escrever, verifica-se que
costuma juntar todas as palavras. Essa juntura reflete os critérios que ela usa
na fala, afinal na fala não existe separação de palavras, falamos tudo junto e
seguido sem pausas, a não ser quando marcada pela entonação do falante.
Eucazecoéla – eu casei com ela, mimatou – me matou.
Morfologias diferentes: Alguns erros acontecem porque, na variedade
dialetal que se usa certas palavras têm características próprias que dificultam
o conhecimento. Adepois – depois, pacia – passear, ta – está.
Forma estranha de traçar a letra: A escrita cursiva apresenta
grandes dificuldade não só para quem escreva com para quem lê.
Uso indevido de letras maiúsculas e minúsculas: Aprendemos que
devemos escrever os nomes próprios começando em letra maiúsculas, muitas vezes
o aluno passa escrever os pronomes pessoais também em maiúsculo: EU.
Acentos gráficos: Geralmente os acentos não são ensinados no inicio
da alfabetização, portanto esse sinais estão em grande parte ausentes dos
primeiros textos espontâneos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário