25 de maio de 2012

ANÁLISE DOS “ERROS”




CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1997

Os alunos ao produzirem textos espontâneos aplicam nesta tarefa um trabalho de reflexão muito grande e se apegam a regras que revalam usos possíveis do sistema de escrita. Nesse sentido um erro pode apontar o processo de construção do conhecimento, favorável ao entendimento e não a punição/reprovação.

Um aluno pode escrever élalevaotou – ela levantou, que é um modo de escrever não-ortográfico. Quando assim o faz está elaborando hipóteses sobre o sistema de escrita e mobiliza para isso possíveis regras ortográficas já conhecidas e ainda não assimiladas.  ( fazer link com a fase de assimilação do Piaget).

Quando escreve cazarão – casaram,  resvala que sabe que em português se escrevem palavras terminadas em am cuja a pronúncia é ão, então passa achar que ão pode também representar am. Só que ainda não aprendeu que esse relacionamento só ocorre em um sentindo -  am para sílaba átonas e ão para sílabas tônicas, e não em ambos.

Ao escrever caza, é justificável pelo fato de haver formas ortográficas onde o s representa o som do z. O aluno optando pelo uso da letra Z fez uma escolha errada, mas perfeitamente de acordo co as possibilidades de uso do sistema de escrita.

É importante que erros como esses apontados aqui  sejam problematizados pela equipe de linguagem  da escola, pois poderão elaborar atividades que ajudem os discentes a compreenderem  as convenções da língua padrão. Fazer levantamento das dificuldades  através de produções espontâneas, assim a criança assume a capacidade de transcrever seus pensamentos para forma escrita, o que não é tarefa simples.

Erros comuns:

Transcrição fonética: Essa categoria de erros é muito comum, pois os aprendizes transcrevem a palavra do jeito que falam. Escrevem   dici para disse, tudu para tudo, parocura para procurar, sou para sol. O fato é que ao falar  uma letra assume o som de outra, e em outras situações os sons das letras são muito parecidos. Aqui vale o docente ressaltar o som de cada letra individualmente, enfatizando a pronúncia correta de cada uma, e posteriormente apontar  as inversões de som e letra.

Uso indevido de letras: Caracteriza pelo fato do aluno escolher uma letra possível para representar o som de uma palavra, quando a ortografia usa outra. O som do s pode ser representado por Z, SS e Ç.

Hipercorreção: È muito comum quando o aluno já conhece a forma ortográfica de determinadas palavras e sabe que a pronúncia é diferente. Passa a generalizar esta foram de escrever, como por exemplo, muitas palavras terminadas em E são pronunciadas com o som do i, como lapes em vez de lápis.

Segmentação: Quando a criança começa a escrever, verifica-se que costuma juntar todas as palavras. Essa juntura reflete os critérios que ela usa na fala, afinal na fala não existe separação de palavras, falamos tudo junto e seguido sem pausas, a não ser quando marcada pela entonação do falante. Eucazecoéla – eu casei com ela, mimatou – me matou.

Morfologias diferentes: Alguns erros acontecem porque, na variedade dialetal que se usa certas palavras têm características próprias que dificultam o conhecimento. Adepois – depois, pacia – passear, ta – está.

Forma estranha de traçar a letra: A escrita cursiva apresenta grandes dificuldade não só para quem escreva com para quem lê.

Uso indevido de letras maiúsculas e minúsculas: Aprendemos que devemos escrever os nomes próprios começando em letra maiúsculas, muitas vezes o aluno passa escrever os pronomes pessoais também em maiúsculo: EU.

Acentos gráficos: Geralmente os acentos não são ensinados no inicio da alfabetização, portanto esse sinais estão em grande parte ausentes dos primeiros textos espontâneos.

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